Efeitos do diagnóstico tardio do câncer: Conheça a história da Werica

Imagine a seguinte situação: você tem 15 anos, está no auge da adolescência, adora sair com os amigos, se divertir, estudar e por aí vai. De repente, você tem que lidar com um câncer. Difícil imaginar, não é mesmo? Só quem vive na pele essa difícil experiência sabe os desafios impostos por essa terrível doença.

A Werica Santos, de Ibiaí, Norte de Minas, sabe bem o que é isso. Ela descobriu um osteosarcoma (câncer ósseo) quando tinha 15 anos. Ela precisou reunir todas as suas forças para lutar contra a doença, enfrentando todos os grandes desafios e mudanças que estariam por vir. O caso de Werica foi agravado por um problema constante no país: o diagnóstico tardio. Foi devido à demora que a jovem acabou perdendo o braço e uma parte do ombro, o que a elevou a outro desafio: a dor da mutilação física e emocional.

A jovem, que era ativa e independente, precisou de muita coragem, força de vontade e apoio da família para conseguir vencer o câncer e reaprender a fazer tudo com apenas um braço. O apoio da nossa equipe de psicologia  foi fundamental nesse processo. Foi a psicóloga Evelyni Machado que  acompanhou  o caso. Ela percebeu que em sua frente estava uma jovem que precisava muito de ajuda.

“Werika tem como característica marcante a resiliência. Enfrentou com muita fé e coragem a amputação do braço. O acompanhamento psicológico contribuiu para que ela se mantivesse segura e confiante na própria força. É importante que a pessoa que sofre mutilação física tenha a oportunidade de falar de sua raiva e frustração, e possa extrair  dessa experiência um sentido a  seu favor”. 

– Evelyni Machado – Psicóloga da Fundação Sara

Ainda segundo Evelyni, a psicoterapia tem papel fundamental na reconstrução, na medida em que impulsiona recursos de enfrentamento que auxiliam na cura e readaptação social. Mas, além da psicologia, outros fatores podem ser determinantes na efetividade do tratamento.

A Werica  contou com nosso apoio social e pedagógico na tentativa de atender à necessidade integral dela e da família durante todo o período do tratamento.  Entender sua frustração inicial, suas necessidades especiais e, principalmente, sua dor, foi o que fez com que ela se sentisse em casa, protegida e tranquila.

 “Lembro perfeitamente do primeiro dia de hospedagem de Wérica na Fundação Sara. Ela chegou exausta da viagem, chorando de dor e com muito medo. A dor era tanta que improvisamos um colchão na Capela, que fica na entrada da casa, pois ela não conseguiria ir até um quarto. Aos poucos fomos conversamos e ela se acalmando. 

Fernanda Araújo – Assistente Social da Fundação Sara

Diagnosticar o câncer de maneira precoce é o principal fator que influencia na elevação dos índices de cura e na redução dos traumas e mutilações físicas e emocionais. É por isso que a atenção aos Sinais e Sintomas do câncer infantojuvenil é essencial. 

Felizmente, a Werica teve um final feliz. Apesar da mutilação, ela sobreviveu. O que não ocorre com inúmeros jovens que perdem suas vidas devido ao atraso no diagnóstico. Hoje, aos 18 anos, ela fala de superação e encoraja outras pessoas a encarem seus desafios. Confira no vídeo!