Diagnóstico precoce é a melhor forma de combater a doença
Desde 2002, organizações não governamentais instituíram 15 de fevereiro o Dia Internacional da Luta Contra o Câncer Infantil, que tem como objetivo despertar a conscientização da população sobre a doença. A campanha mundial busca promover debates sobre a atenção integral a crianças e adolescentes com câncer e chamar atenção à doença, que representa a principal causa de óbitos em crianças e adolescentes de 1 a 19 anos, segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA).
Diferente do câncer em adultos, o câncer infantojuvenil não costuma estar relacionado a fatores externos como, por exemplo, sedentarismo e tabagismo, por isso, não há como prevenir. De acordo com o INCA, o câncer infantojuvenil corresponde a um grupo de doenças que tem em comum a proliferação descontrolada das células, podendo ocorrer em qualquer parte do organismo.
O câncer em crianças e adolescentes, muitas vezes, pode ser confundido com outras doenças por não apresentar sintomas específicos. Os principais sinais e sintomas do câncer infantojuvenil são: caroços ou inchaços indolores, perda de peso inexplicável, aumento da barriga, dores nos ossos e nas juntas, sangramento pelo corpo sem machucados, manchas roxas, vômito acompanhado de dor de cabeça, palidez inexplicada, e febre prolongada de causa não identificada.
Como os sinais e sintomas são comuns a outras doenças da infância, um dos desafios é o diagnóstico precoce. Nesse sentido, o acompanhamento médico regular se torna fundamental na descoberta precoce da doença, aumentando as chances de cura e minimizando possíveis sequelas. Foi o que aconteceu com as gêmeas, Raquel e Raissa, que você confere a seguir.
Juntas na alegria e na dor
Ao chegar ao mundo, no dia 26 de abril de 2016, Raquel logo ganhou a companhia de sua irmã gêmea, a Raissa. Começava ali uma história de cumplicidade, companheirismo e carinho jamais presenciados pelos pais de primeira viagem, Adriana e Nilson.
A família é de Montes Claros/Norte de Minas, mas atualmente mora em Lontra, a 116km, onde Adriana e Nilson conseguiram melhor colocação profissional (ele é pastor, e ela é formada em química, mas atualmente atua como conselheira tutelar). Enquanto trabalham, as meninas ficam no Cemei – Centro Municipal de Educação Infantil. Segundo os pais, as meninas sempre tiveram boa saúde, nada além de crises de vômito, por causa da bronquite, mas sempre fizeram as avaliações médicas. Relatam também que, sempre que uma adoecia, acontecia o mesmo com a outra.
Raquel e Raissa na Fundação Sara Albuquerque
Foi por causa dessa sintonia que, em setembro de 2019, quando Raquel foi levada ao médico, ele não hesitou em pedir o mesmo exame para a Raissa, mesmo sem ela estar com nenhum sintoma.
“Raquel estava com uma estranha alteração na saúde. Ela comia uma colher de comida e já dizia que não queria mais porque a barriga estava cheia. Isso foi persistindo e a gente começou a desconfiar que não era normal, especialmente porque, apalpando, descobrimos que tinha um caroço do lado direito da barriga dela. O médico pediu um ultrassom, imaginando ser aumento do pâncreas”, conta Adriana.
Os exames constataram um tumor no rim esquerdo da Raquel e outro no rim direito da Raissa. No mesmo dia, as meninas foram encaminhadas para o hospital, onde foram realizados outros exames e confirmado que ambas estavam com câncer (tumor de suprarrenal).
“No primeiro momento a gente ficou apavorado, mas graças a Deus, no mesmo mês as duas foram operadas para a retirada do rim afetado de cada uma e começaram o tratamento. Até agora tudo tem dado certo. Elas não estão sentindo mais as reações que sentiam no início da quimioterapia”, destaca o pai.
Desde o diagnóstico, a família recebe total apoio da Fundação Sara Albuquerque.
“Além do apoio financeiro, a gente recebe assistência da psicóloga, da nutricionista, assistente social. É por causa disso e da nossa fé que não abaixamos a cabeça por nada”, conclui a mãe.
Capacitação de equipes hospitalares
Segundo o INCA – Instituo Nacional do Câncer, aproximadamente 11 mil crianças e adolescentes brasileiros são diagnosticados com câncer todos os anos. Para encurtar o tempo entre o surgimento dos sintomas e a confirmação do diagnóstico, a Fundação Sara Albuquerque conta com dois programas: o Conhecimentos que Curam, que tem como objetivo capacitar os profissionais da saúde; e o Programa Agilizar, que tem como objetivo custear exames de diagnóstico para que a doença seja descoberta em tempo hábil e com precisão.
Abertura da décima edição do Programa Articulando o Diagnóstico Precoce do Câncer Infantojuvenil
De acordo com a oncopediatra, Sabrina Eleutério, as crianças e adolescentes respondem muito bem ao tratamento.
“O início do tratamento, nas primeiras fases da doença, em centros especializados pode fazer com que cerca de 80% das crianças e adolescentes com câncer possam ser curados”.
Este ano, pela décima vez a Fundação Sara Albuquerque vai promover a capacitação de profissionais da saúde através do Programa Articulando o Diagnóstico Precoce do câncer Infantojuvenil, uma parceria com o Instituto Ronald McDonald.
De acordo com a enfermeira e coordenadora técnica do programa, Priscila Pimenta Aguiar, para 2020 houve reestruturação no programa.
“Diferente dos anos anteriores, em que as capacitações foram voltadas para profissionais da atenção básica de Montes Claros e região, este ano o programa se voltará para profissionais dos hospitais e policlínicas de Montes Claros. Isso porque há registros de crianças e adolescentes chegando direto nos atendimentos desses estabelecimentos, sendo necessária a capacitação desses profissionais para que suspeitem do câncer infantojuvenil e também possam contribuir com o diagnóstico precoce da doença”, explica.
As capacitações começaram em fevereiro e vão até novembro. A expectativa é capacitar cerca de 370 profissionais de 07 hospitais e policlínicas.
Sobre a Fundação Sara Albuquerque
A Fundação Sara Albuquerque Costa foi instituída em junho de 1998, na cidade de Montes Claros/MG, com o intuito de oferecer amparo a todas as famílias com crianças e adolescentes com câncer da região. O desejo de criar uma entidade filantrópica nasceu no coração de Álvaro e Marlene, pais da pequena Sara, que durante mais de dois anos lutou para vencer a doença, mas infelizmente não resistiu.
Quem acompanhou a história de luta da família se comoveu e se juntou à causa e, assim, a entidade foi ganhando força. A missão de oferecer assistência social ampliou para outros eixos, como o trabalho de diagnóstico precoce, realizado na região, as significativas contribuições aos hospitais onde as crianças e adolescentes se tratam e a criação de uma filial na capital mineira, em 2010. No total, já somam mais de 1.200 famílias amparadas.
Em 2018 a entidade foi reconhecida pelo Instituto Doar e Rede Filantropia como uma das 100 Melhores ONGs do Brasil dentre mais de 2.500 inscritas na seleção. Para saber mais acesse www.fundacaosara.org.br.